CONGREGAÇÃO ISRAELISTA PAULISTA

Durante os primeiros anos da década de 30, enquanto um novo chanceler subia ao poder na Alemanha e dava os primeiros passos na direção daquele que seria um dos maiores genocídios da história da humanidade, no Brasil, a comunidade judaica, preocupada com as limitações e com a coerção que os judeus alemães começaram a enfrentar, criou a CARIA — Comissão de Assistência aos Refugiados Israelitas da Alemanha.

A entidade angariava recursos de toda a coletividade a fim de prestar ajuda financeira aos enfermos e àqueles que não conseguissem logo um emprego. Entre suas principais preocupações estava a de dar condições ao imigrante de realizar com dignidade sua independência econômica.

Em 1934, um grupo de cerca de 40 jovens — os primeiros recebidos pela CARIA – fundou a SIP — Sociedade Israelita Paulista.


A nova entidade, que tinha como objetivo ampliar o trabalho desenvolvido pela Comissão de Assistência, oferecia cursos, promovia encontros e discussões, publicava um boletim periódico para informar seus associados sobre o que acontecia na Alemanha, organizava festas e funcionava como um ponto de educação, lazer e aproximação de pessoas. Em seus salões foram realizadas os primeiros serviços religiosos na tradição alemã.

Em outubro de 1936, logo depois das Grandes Festas, e ainda sob o impacto de uma inflamada prédica do jovem rabino recém chegado de Heidelberg, o rabino-mór emérito Prof. Dr. Fritz Pinkuss z’l, um grupo se reuniu com a intenção de criar uma nova comunidade que se organizasse na forma de congregação e que se transformasse no coração da vida religiosa, cultural e social de seus associados.

Um ano depois de seu nascimento, mais precisamente em 1º de julho de 1937, a Congregação Israelita Paulista tem inaugurada sua primeira sede e conduzido seu primeiro rolo de Torá em uma cerimônia oficiada, em português, pelo rabino Pinkuss.

O Departamento de Assistência Social era responsável pelas ações de colocação profissional, auxílio financeiro e assessoria jurídica.

Com parte dos recursos do JOINT, a CIP instalou, em 1937, o Lar das Crianças em uma casa na rua Barão de Piracicaba. Inicialmente o Lar tinha como objetivo atender a ajudar na adaptação dos filhos daqueles que trabalhavam o dia inteiro e não tinham com quem deixá-los. Nos primeiros tempos, a instituição abrigava 17 crianças por dia e outras 19 internas. Elas iam à escola, tinham aulas de português e religião e recebiam assistência pedagógica, médica e religiosa, além de alimentação. Em 1949, a entidade mudou-se para uma nova e maior sede no Alto da Boa Vista.

Também em 1937 foi criada a Chevra Kadisha da CIP a partir da preocupação com as diferenças nos rituais funerários, de acordo com a origem de cada família; e os Grupos de Costura — que já na época eram responsáveis pela confecção das roupas e lençóis utilizados na cerimônia fúnebre.

A Comissão de Ensino da Congregação, que trabalhava sob a orientação do rabino Pinkuss, oferecia a além dos cursos voltados para a conscientização judaica, como história, religião, cultura, tradição e língua hebraica, aulas de língua portuguesa e história do Brasil. Estudos talmúdicos, da haftará e de literatura judaica também faziam parte das ações da Comissão.

Em setembro de 1938 foi criada a Crônica Israelita. O jornal foi o principal órgão informativo da comunidade judaica até 1969, quando foi encerrado. Era considerado, principalmente durante a II Guerra Mundial, o mais confiável informativo da comunidade porque sua redação recebia informações diretamente da Jewish Telegraphic Agency (JTA).

No final dos anos 30, passou a funcionar a chamada Comissão da Juventude, que oferecia opções de convivência e lazer para os imigrantes mais jovens. Eram organizados passeios e atividades junto à natureza e, aos meninos de 10 a 16 anos, eram oferecidas atividades de escotismo. Era o embrião do grupo escoteiro Avanhandava, que adotou o nome tupi-guarani para evitar problemas com o governo Vargas.

A primeira colônia de férias para jovens da CIP foi realizada na Fazenda Embaré, em São Carlos, em 1940. E, no ano seguinte, a diretoria da Congregação começou a analisar a possibilidade de adquirir um terreno próprio para a construção de um local para as colônias — que foi efetuada dez anos mais tarde na cidade de Campos do Jordão.

Foi nessa época também que começou a ser desenhado um projeto específico para a juventude da congregação — a chamada Casa da Juventude, ou CAJU.

Em 1941, a CIP contratou um casal de educadores para organizar e liderar o recém-criado Departamento de Juventude e seus grupos juvenis. Eles apresentaram uma proposta desenhada a partir do modelo alemão de atividades para os jovens judeus. O objetivo era transformar a CAJU na grande referência cultural da juventude judaica.

O Departamento de Juventude oferecia atividades de Shabat, práticas esportivas, encontros sociais e debates, saraus de música e dança.

No mesmo período, foi criada uma nova seção no Departamento de Assistência Social da CIP. O Além-Mar foi responsável pelo envio de várias remessas de roupas e alimentos para a Europa, para os refugiados da Guerra.

Em 1952, o rabino Pinkuss e sua esposa, D. Lotte, viajaram aos Estados Unidos para conhecer melhor a experiência de diversas congregações liberais. Trouxeram de lá duas novidades: o Clube das Vovós e os Campos de Estudos.

Antes de terminar o ano, D. Lotte já tinha inaugurado a primeira atividade do clube voltado para senhoras da terceira idade e em janeiro de 1953, quinze jovens foram enviados para um sítio onde tiveram duas semanas de jogos, esportes e passeios, além de leituras, estudos, workshops e uma intensa rotina religiosa judaica. A experiência deu certo e em 1957 a CIP comprou a casa de Campos do Jordão e a transformou nos Campos de Estudos, hoje chamado Campo de Estudos Fritz Pinkuss.

Depois que a CIP filiou-se à FISESP, em 1952, a entidade passou a se concentrar na realização de um velho sonho: a construção da nova sede. Após adquirir o terreno no bairro de Cerqueira César, foi aberto um concurso para o projeto arquitetônico do prédio. O arquiteto Henrique Mindlin venceu com um projeto moderno, que já era utilizado em algumas congregações norte-americanas.

A diretoria da CIP, então, deu início à campanha de arrecadação de fundos com a chamada ‘venda de tijolos’ e com um Livro de Ouro. A pedra fundamental da obra foi colocada em 19 de dezembro de 1954, e em setembro de 1957, por ocasião das Grandes Festas, foi oficialmente inaugurada a sinagoga Etz Chaim. Dois anos mais tarde, aconteceu a abertura do prédio comunal, que conta com espaços específicos para cada setor da entidade.

Em 1958, a Juventude passou a contar com novos coordenadores, que propuseram um plano de reestruturação que dividia o departamento em três partes: a Avanhandava; um movimento juvenil não-escoteiro; e um núcleo para o pessoal mais velho, de 17 a 30 anos de idade.

O movimento não-escoteiro foi chamado inicialmente de Grêmio Juvenil Educativo e, a partir de 1959, passou a se chamar Chazit Hanoar. Foi adotada uma nomenclatura em hebraico, dividindo os grupos por idades. A formação educacional para os madrichim incluía palestras com diretores de escolas, psicólogos, pedagogos e médicos — tudo dentro de um conceito amplo de educação.

Em outubro de 1963 aconteceu a cerimônia de lançamento da pedra fundamental da nova Casa da Juventude, em frente ao prédio da CIP. A inauguração aconteceu em novembro do ano seguinte.



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